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KAP-Wildlife: Conhecimentos, Atitudes e Práticas Relacionados ao Risco de Doenças Zoonóticas, Comércio e Consumo de Animais Silvestres

Knowledge, Attitudes, and Practices Towards the Risk of Zoonotic Diseases, Wildlife Trade and Wildlife Consumption in Latin America

(KAP-Study Wildlife)

Objetivo do Projeto:

O projeto visa identificar conhecimentos, atitudes e práticas relacionados ao risco de doenças zoonóticas, comércio e consumo de animais silvestres em diferentes populações que vivem em áreas urbanas e rurais, incluindo comunidades indígenas, da América Latina. Com base em seus resultados, desenvolveremos abordagens inovadoras, de acordo com o contexto local, para educar as comunidades e construir abordagens de mudança comportamental para conscientizar a mudança de comportamento da população.

Contexto:

Os animais selvagens são uma parte importante e integrante da biodiversidade, que por sua vez garante a saúde dos seres humanos. Eles também são uma fonte de patógenos conhecidos e desconhecidos, alguns dos quais têm potencial para se tornarem pandêmicos em humanos. A pandemia da COVID-19 destacou a importância da interação homem - animal selvagem e a necessidade de uma relação mais sustentável e menos arriscada com a natureza. Neste sentido, têm surgido novas estratégias para promover atitudes e comportamentos positivos de conservação da vida selvagem por parte do público em geral e de grupos-alvo específicos. Isso pode resultar em compartilhamento de recursos e benefícios mútuos. Por muitas populações, a vida selvagem é valorizada positivamente quanto ao seu papel sociocultural, nutricional, econômico e ecológico. O efeito positivo da natureza na saúde e no bem-estar das populações foi recentemente avaliado em muitos estudos. Com base neles, considerar espaços verdes no desenho de áreas urbanas e minimizar o impacto negativo na vida selvagem beneficiará tanto as pessoas quanto a vida selvagem.

Cerca de 60% de todas as doenças infecciosas humanas emergentes são atribuídas a origens zoonóticas, a maioria delas tem origem na vida selvagem, lembrando que a transmissão não ocorre apenas de forma linear. Na maioria dos casos, várias espécies estão envolvidas como hospedeiras, incluindo animais domésticos e selvagens. O desmatamento, as transformações no uso da terra e a crescente urbanização são causas de uma redução crescente dos habitats da vida selvagem. Eles levam a um contato mais próximo entre humanos e animais e, portanto, a uma maior probabilidade de patógenos cruzarem o limite das espécies. Por outro lado, a proteção da biodiversidade é capaz de reduzir o risco zoonótico.

Neste contexto, uma das principais ameaças à saúde da vida selvagem, à saúde humana e à conservação da biodiversidade é o comércio de vida selvagem. Em rotas comerciais e mercados, animais silvestres vivos e mortos estão em contato mais próximo do que em seus habitats naturais, o que abre novos caminhos de troca de patógenos. O manejo da fauna silvestre e o consumo de animais silvestres também representam possíveis formas de transferência de patógenos, além da fonte nutricional da carne silvestre. Sua probabilidade depende das práticas de higiene alimentar e do conhecimento do manejo da vida selvagem, que podem diferir consideravelmente nos contextos locais.

A América Latina é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo. Como outras regiões, enfrenta alguns desafios significativos em termos de conservação e comércio de vida selvagem. A caça e a pesca indiscriminadas, os incêndios cada vez mais frequentes e o abate indiscriminado de árvores colocam em risco a biodiversidade e aumentam os conflitos homem-fauna, aumentando também o risco de novas doenças zoonóticas.

Design do Estudo:

Aplicamos métodos multicêntricos e mistos ao longo de cinco pacotes de trabalho “work pakages” (WP):

O WP1 envolve uma abordagem inicial às comunidades para obter informações básicas sobre conhecimentos, crenças e percepções; experiências em relação ao risco de doenças zoonóticas, comércio e consumo de animais silvestres. Em quatro países da América Latina, analisamos diferenças e pontos em comum entre pessoas que vivem em comunidades urbanas, rurais e indígenas. Também exploramos as necessidades e preferências de treinamento.

O WP2 coleta e analisa informações qualitativas por meio de entrevistas com as principais partes interessadas e discussões de grupos focais. Os principais resultados são a visão e posicionamento de determinados grupos sobre o tema, bem como suas experiências e percepções sobre doenças zoonóticas, comércio e consumo de animais silvestres. Identificam-se barreiras e facilitadores à implementação de estratégias de intervenção nas diferentes populações.

No WP3, representantes comunitários e grupos interessados trabalham em conjunto com uma equipe multidisciplinar e intersetorial. Analisamos a situação atual da vida selvagem na comunidade específica e os conflitos na interação homem-fauna. Posteriormente, serão priorizados os problemas a serem resolvidos no curto e médio prazo, serão discutidas as estratégias de implementação.

No WP4 desenvolvemos intervenções educativas específicas. Atendendo aos objetivos do projeto, as intervenções educativas incidirão sobre questões relacionadas com o risco de doenças zoonóticas. O material de treinamento é desenvolvido de acordo com as necessidades e disponibilidade de recursos locais.

O WP5 visa a divulgação do projeto em diferentes níveis. Métodos e resultados do projeto serão compartilhados com a comunidade científica e membros da Alliance Against Health Risks in Wildlife Trade. As atividades do projeto visam a população em geral, organizações, ativistas, formuladores de políticas e outros grupos de interesse. Serão promovidos espaços de intercâmbio e socialização do projeto com formuladores de políticas para que os resultados do projeto possam ser considerados no desenvolvimento local e na implementação de estratégias de regulação do comércio e consumo de animais selvagens na América Latina.

O estudo ocorre nas áreas da Bolívia, Brasil, Chile e Guatemala. Em cada país, uma área geográfica foi selecionada para o projeto, a fim de cobrir uma ampla gama de clima, biodiversidade, vida selvagem e cultura da América Latina, considerando áreas rurais e urbanas:

Nesse processo, o estudo aplica métodos de pesquisa quantitativos e qualitativos. O estudo KAP quantitativo garante a representatividade e significância dos conhecimentos, atitudes e práticas. A parte qualitativa do estudo (entrevistas, discussões, mesas-redondas) permite o enriquecimento com conhecimentos prévios e a interação e participação das pessoas e representantes envolvidos. Concebemos o estudo como um projeto internacional, interdisciplinar e intersetorial. A equipe está localizada em cinco países diferentes. Tem experiência em trabalho em equipe internacional e multilíngue. Nossa hipótese é que é melhor enfrentar os desafios globais de saúde e meio ambiente com uma abordagem interdisciplinar. Portanto, a equipe é composta por médicos humanos, além de veterinários, cientistas ambientais e sociais. O estudo prospera com a participação de seus sujeitos, portanto, o objetivo é permitir o intercâmbio intersetorial, incluindo a população em geral nas etapas do estudo.

Parceiros e Apoio Financeiro:

O Centro de Saúde Internacional do Hospital LMU (Ludwig Maximilian University of Munich) trabalha em conjunto neste projeto com suas universidades parceiras em quatro países da América Latina:

O projeto é apoiado financeiramente por um fundo do Ministério Federal Alemão para a Colaboração e Desenvolvimento Econômico (BMZ) por meio da Aliança Internacional Contra os Riscos à Saúde no Comércio de Animais Selvagens e coordenado pela GIZ (Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit).

O vídeo a seguir mostra a visão e os objetivos da International Alliance gainst Health Risks in Wildlife Trade e seus parceiros de projeto: